Descrição

Este projeto está intimamente ligado à criação artística do ator, suas abordagens, reflexões e métodos. Ele está no âmbito da pesquisa do corpo cênico, de seus movimentos e de sua continua (re)significação perante quem o assiste e, por sua vez, da sua própria (re)organização.
Para isso, cartografei meu próprio processo de aprendizagem e criação através dos diálogos entre o método de educação do movimento, Body Mind Centering®, inicialmente desenvolvido pela americana Bonnie Bainbridge Cohen, das formas de extração e codificação de matrizes corporais mapeadas por Renato Ferracini, e dos princípios da performance estudados por Renato Cohen.
Assim, o desafio desta pesquisa foi a utilização do material perceptivo, proveniente da prática corporal, para a elaboração cênica. Ou seja, transcrever as sensações em matrizes codificadas, visando uma apresentação final em que este procedimento fosse (in)visível.

PESQUISA DE MESTRADO
CONCLUÍDA
ORIENTADOR: PROF. DR. ARMANDO SÉRGIO DA SILVA

19.11.09

O Roteiro de Ana-me: Prólogo

PRÓLOGO

Narradora 1 apresenta a história


Anteparo Sonoro: "A Morte do Cisne"

Ana-me. Feche os olhos e voe. Num tempo em que as crianças nasciam com os olhos abertos, num apartamento entre a estação Liberdade e o Jardim Botânico, vivia Ana. Ana não era igual nem diferente de nenhuma de nós. Como todos em sua época ela também nasceu com os olhos abertos e assim permaneceu. Depois de uma infância feliz com seus pais, Ana saiu de casa em busca do seu próprio núcleo familiar. Casou-se com um marido exemplar, que supria as necessidades da casa. Teve um filho exemplar, que também nasceu com os olhos abertos, para a alegria da família. E, como todos em sua época, ela também tinha sonhos aprisionados, que aparceiam as três horas da tarde para amedrontá-la. Assim, Ana seguiria sua vida, não fosse por um descuido (acidente?). Num piscar de olhos, Ana chegaria de um momento a outro, nova por alguns minutos, distinta, quase estranha. Envolta pela primeira vez pelo ar da rua. Coberta de olhares e ruídos que se separariam lentamente dela, até morrer no chão e tornar-se, outra vez, igual.
(Ana entra no fundo ao centro, entre as araras do cenário. Ela dança a morte do cisne de uma forma bem particular. A perfeição da forma clássica se intercala à beleza da imperfeição de um movimento que possui outra expressividade. Durante toda a encenação Ana não fala por si, mas age normalmente.)

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